segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Enquanto te espero



enquanto te espero
derretem-se as horas
mulheres de maio tecem véus de viúva
vêm depois os pessegueiros
e tudo é violeta

ponho a mesa à sombra do sorriso
e começo a servir minutos de prata
vem o vinho maduro
colheita especial da saudade
vem a noite suculenta
regada de ervas de alma picada
e nada me prende

enquanto te espero
partem novos barcos

e eu sem leme sem ti para vencer este monstro
este quarto este ocidente isolado.


Isabel Mendes Ferreira