sexta-feira, 4 de dezembro de 2009



Ela não era o tipo de mulher que se contenta com um olhar

Queria pegar e ter e arder, queimar

E suportar o peso da paixão de um homem

Ainda que breve

Tinha aprendido cedo e por instinto

A amar o transitório, o mais fugaz

Do instante, e sonhava momentos excitantes

Quase sempre escondidos

Às vezes misturava a libido a outras convicções

Via mudar a ideologia conforme a luz

Pequenas artimanhas de quem é do signo da serpente

e usa minuciosa e deliberadamente

A estratégia da aranha.



Bruna Lombardi

O perigo do dragão, Rio de janeiro, Record, 1984, p. 42