terça-feira, 29 de dezembro de 2009

© Josep de Togores


Na lista dos teus fins venho no fim 
de uma página nunca publicada, 
e é justo que assim seja. Embora saiba 
mexer palavras, e doer de frente, 
e tenha esse talento conhecido 
de acordar de manhã, dormir à noite, 
e ser, o dia todo, como gente, 
nunca curei, como previa, a lepra, 
nem decifrei o delicado enigma 
da letra morta que nos antecede. 
Por muito te querer, talvez pudesses 
dar-me um lugar qualquer mais adiante, 
despir-te de pudor por um instante
 e deixá-lo cobrir-me como um manto. 


António Franco Alexandre