segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Inútil espera




O rumor de uns passos enérgicos, 
a voz me chamando no jardim, na sala 
rosas com nomes secretos, e um perfume 
igual ao dela. 
Legou-me sua alegria inesperada, 
o amor à vida, 
e algo do perfil. Não sua beleza: 
essa ficou nos retratos. 
Nada lhe significo mais: 
quando me vê enxerga outros rostos, 
mais reais do que eu na sua ilha. 
É minha mãe e não é, 
vive e não vive, na clausura da mente 
adormecida. 

Mas eu, 
a cada visita espero o impossível: 
que ainda uma vez o seu olhar me alcance, 
e por um momento ame, nesta mulher, a sua filha.


Lya Luft