sexta-feira, 6 de março de 2009


Sei que à noite o mundo não é o mesmo que de dia. Que as coisas que pertencem à noite não podem ser explicadas durante o dia, porque de dia não existem — a noite se torna ameaçadora para pessoas solitárias, essas que já de começo conhecem a solidão. Mas, junto a Catherine, quase não havia diferença entre noite e dia, exceto que para mim as noites eram melhores. Aos que trazem coragem a este mundo, o mundo precisa quebrá-los para conseguir eliminá-los, e é o que faz. O mundo os quebra, a todos; no entanto, muitos deles tornam-se mais fortes, justamente no ponto onde foram quebrados. Mas aos que não se deixam quebrar, o mundo os mata. Mata os muito bons, os muito meigos, os muito bravos — indiferentemente. Se vocês não estão em nenhuma dessas categorias, o mundo vai matar vocês, do mesmo modo. Apenas não terá pressa em fazer isso.(...) sempre matam você, no final das contas. Pode confiar nisso. Fique um pouco neste mundo, e acabará morto, sempre.


Adeus às armas, Ernest Hemingway