quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009



Tenho medo de perder a maravilha
de teus olhos de estátua, e o acento
que de noite me põe em plena face
a solitária rosa de teu alento.
Tenho pena de ser nesta imagem
tronco sem ramos; e o que mais sinto
é não ter a flor, polpa ou argila,
para o verme de meu sofrimento.
Se tu és o meu tesouro oculto,
se és a minha cruz e minha dor molhada,
se sou o cão do teu senhorio,
não me deixes perder o que ganhei
e decora as águas do teu rio
com folhas do meu Outono alienado

Federico Garcia Lorca