perdoa-me se continuo a fazer
pouca ginástica, se continuo a fazer
coisas como poemas de amor.
enquanto tu, de mãos no volante,
continuas a entrar na minha rua
em sentido contrário
Felipa Leal
que tem olho de alfazema
que se deita na tua cama
se queima
sou de uma seita engraçada
que adora não fazer nada
que brinca de galo de rinha
de urtiga, de erva daninha
no meio de tanta almofada
e atira serpentinas
pra enfeitar tua vida
numa anarquia de menina
repentina alegria incontida.
Bruna Lombardi, do livro "Gaia"
Onde tudo é amplo
O ritmo do pensamento
É a lógica dos conjuntos.
Onde tudo é vivo
São renovadas, sem cessar,
As concepções mais nítidas.
Onde tudo é ignorado
Existe o movimento de uma sinfonia
Que nos leva ao supremo da imaginação,
A todos os ângulos do absoluto
Onde tudo é início.
A aflição está no sentido mais profundo,
Na recuperação do dom perdido,
E o homem recomeça
A sua desesperada queda
Na ânsia de redenção.
Adalgisa Nery