Vejo mãos que me folheiam
buscando-me a fisionomia —
mas já passei, agora
sou apenas poesia.
Vejo rostos que me amam
tentando saber quem fui —
sou um retrato, miragem
que o tempo dilui.
Vejo braços que me acenam
chamando-me insistentemente —
para que, se a folha que passa
passa tão de repente?
Antonio Brasileiro