quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Cem anos


 

Vejo mãos que me folheiam

buscando-me a fisionomia —

         mas já passei, agora

         sou apenas poesia.

 

Vejo rostos que me amam

tentando saber quem fui —

         sou um retrato, miragem

         que o tempo dilui.

 

Vejo braços que me acenam

chamando-me insistentemente —

         para que, se a folha que passa

         passa tão de repente?


Antonio Brasileiro