sexta-feira, 14 de junho de 2024


 As palavras começam a ficar velhas: têm

dores nas articulações e rangem, de vez

em quando, sem razão; reclamam óleos

e resinas, tempo e açúcares mais lentos.

Mas também eu estou velha demais para

oficinas, tão cansada de livros e papéis,

morta por viver outras coisas – por amor,

talvez espreitasse de novo nas mangas do

mundo e escrevesse uma fiada de búzios

no pulso da areia. Mas quantos dos teus

beijos perderia? Perdoem-me os que

ainda esperam por mim. Não sei se volto.


Maria do Rosário Pedreira