Experimentamos em relação a cada homem mais conhecido, muito mais conhecido do que nós, uma mistura de inveja e comiseração. É porque sabemos que obteve o que nós desejamos, ao mesmo tempo que se perdeu, pelo seu próprio êxito. Por pouco que permaneçamos fiéis ao nosso próprio ser — e só podemos consegui-lo por meio do isolamento e do anonimato —, concebemos não o orgulho, mas algo mais elevado, que nos permite olhar com piedade para quem incorreu na aprovação dos homens.
Emil Cioran (In: “Cadernos: 1957–1972”)