Serge Marshennikov |
Havia um segredo em mim guardado,
... sigiloso, sagrado, que nunca disse.
Um segredo entranhado em mim
temeroso de que o mundo o visse.
Era um tímido segredo, amarrotado,
apenas guardado em pensamento.
Segredo nunca dito, apenas sussurrado,
mas mesmo assim espalhado ao vento…
É que não se esconde o sol ou a lua,
nem o fulgor de um sorriso rasgado.
Não se esconde a nossa alma nua,
nem o corpo de amante cansado,
o crepitar afogueado de um coração,
e o rubor de sentir por um momento...
que cheira o meu corpo por fora,
o que o teu corpo cheira por dentro!
JOÃO MORGADO, in RIO DE DOZE ÁGUAS, 12 POETAS