Rosanna Miccolis |
Somos tempo perdulário
Sem roteiro
Flutuando no imprevisto
De melancólica repetição nas gerações.
Objeto fundido no reversivo
Sempre em regresso às fátuas esperanças,
Na constante fecundação das visões já fecundadas
Em cada lágrima no silêncio guardada.
Criar o que foi criado,
Descobrir o novo no velho esquecido,
Procriar mundos porosos
Para o alimento da angélica imaginação,
Aquecer-nos quando já nascemos frias pedras
À espera da revelação das distâncias,
Aumentar nossos pesados tédios
Após o diálogo dos sexos,
Eternos guerreiros sem repouso.
Espírito no lodo sob as águas,
O tempo transmitido pelo sono
De tudo que é tão leve, tão pesado.
Adalgisa Nery
In Erosão (1973)