domingo, 9 de janeiro de 2022

Análise

Rosanna Miccolis


Somos tempo perdulário

Sem roteiro

Flutuando no imprevisto

De melancólica repetição nas gerações.

Objeto fundido no reversivo

Sempre em regresso às fátuas esperanças,

Na constante fecundação das visões já fecundadas

Em cada lágrima no silêncio guardada.

Criar o que foi criado,

Descobrir o novo no velho esquecido,

Procriar mundos porosos

Para o alimento da angélica imaginação,

Aquecer-nos quando já nascemos frias pedras

À espera da revelação das distâncias,

Aumentar nossos pesados tédios

Após o diálogo dos sexos,

Eternos guerreiros sem repouso.

Espírito no lodo sob as águas,

O tempo transmitido pelo sono

De tudo que é tão leve, tão pesado.


Adalgisa Nery

In Erosão (1973)