terça-feira, 21 de setembro de 2021

A Flor

Anthony Van Dyck.

Vejo uma flor seca, sem ar

Cá esquecida num caderno,

E meu espírito prosterno

em esquisito meditar:


Floriu quando? Onde? Em que estação?

Postergou-se? É estranha

Ou é amiga a mão que a apanha?

E a pôs aqui por que razão?


Para recordar um encontro amável

Ou uma separação funesta,

Ou um passeio solitário

Num sítio, na sombria floresta?


E ele estará vivo, ela também?

A que refúgio se retêm?

Ou eles ambos já murcharam

Como esta flor que aqui deixaram?


Alexander Pushkin