sábado, 28 de agosto de 2021

Roberto-Ferri


Se não te amar, não amarei. Se não me amares, não serei amado. Sou o espelho da tua alma alvoraçada. O único de verdade onde te podes reconhecer e por fim encontrar. Antes de ti não sabia quem era, andava no escuro à tua procura. Quando te vi, foi a mim que vi: uma mesma melancolia nos olhos, um sorriso a fazer pouco do mundo, uma maneira de andar como senão tocasses o chão com os pés. Tinhas menos vinte anos, a vida por fazer, a certeza de que os dois seríamos um só que nada nem ninguém poderia afastar. O amor, o meu outro eu. Sim, meu amor, eu sou tu e tu és eu. Vem daqui a inexpugnável, embora inverificável, certeza que tinhas de ser tu, só tu, que não podia ser mais ninguém. Senão seria outro, sem saber quem seria, perdido o meu nome. Tu eras o que vem, o futuro que abre o presente. Se não fosses tu não valia a pena.

Amo-me ainda quando te amo.


Pedro Paixão