terça-feira, 15 de agosto de 2017

Resistência

Con la rosa tra le labbra (1895) Ettore Tito 


Ninguém me castra a poesia
se debruça e me põe vendas
censura aquilo que escrevo
nem me assombra os poemas

Ninguém me apaga os versos
nem amordaça as palavras
na invenção de voar
por entre o sonho e as letras

Ninguém me cala na sombra
deitando fogo aos meus livros
me ameaça no medo
ou me destrói e algema

Ninguém me aquieta a escrita
na criação de si mesma
nem assassina a musa 
que dentro de mim se inventa


Maria Teresa Horta
in «Poesis», D, Quixote, 2017